Gap Year na Tailândia, uma Jornada Monástica

Autor: Alexandre Seguro.

Usando a internet para chegar ao mundo, fui vendo documentários e lendo livros que me alertavam para as várias crises que hoje afetam a nossa sociedade. À procura de significado no meio de tudo isto e da raíz do problema, descobri a espiritualidade e apaixonei-me. Fui aprender mais sobre outras tradições religiosas e filosóficas e fiquei especialmente encantado com o Budismo e a corrente de pensamento New Age. Chegou um ponto em que já me tinha inspirado o suficiente e queria era sair de casa, do meu computador, e ir explorar o mundo lá fora, à procura dos projetos e comunidades incríveis que tinha encontrado online. Foi então que comecei a estender os meus horizontes e a conhecer novas pessoas, também elas acordadas e ativas para a mudança de paradigma. Depois das aulas ia por Lisboa participar em eventos, workshops, palestras, encontros, e nas férias viajava pelo país a fazer voluntariado ou tirar cursos em comunidades sustentáveis. 

Por esta altura já tinha percebido que é necessário reconectarmos com a natureza e transformar a nossa sociedade para regenerar os ecossistemas dos quais dependemos e criar comunidades mais resilientes e harmoniosas. Mas foi o encontro com um monge que me marcou mais e fez perceber que toda esta mudança exterior começa dentro de nós, espalhando-se pelas pessoas que nos rodeiam (familiares, amigos, colegas) e estendendo-se gradualmente à sociedade global. Estava eu a aproveitar o meu final de tarde passeando no parque quando vejo um homem vestido de laranja a caminhar na minha direção. Com o que já tinha visto no YouTube, não me enganou. Era um monge! Fiquei muito entusiasmado de o encontrar e decidi cumprimentá-lo com uma vénia e as mãos levantadas junto ao peito. “Hello. Are you a monk?”. Ao que ele respondeu “Yes.” e começámos a falar. Ele informou-me que vinha de uma tradição tailandesa e sugeriu-me que fosse visitar o centro de meditação, aberto recentemente, mesmo ao pé de minha casa. Fiquei encantado… voltei a casa e decidi ir visitar o centro no dia seguinte. Foi lá que conheci mais dois monges tailandeses e uma comunidade de voluntários muito simpática e generosa. Comecei a beber da sabedoria diretamente e a praticar com os monges experientes. Que privilégio! O ensinamento ressoou profundamente em mim e tive boas experiências meditativas, que me indicaram de que estava no caminho certo e que, se continuasse, ia descobrir muitos mais tesouros dentro de mim. Naturalmente surgiu uma vontade de me dedicar a este caminho e comecei a ir lá regularmente, quase todos os dias depois das aulas. Ia aprendendo sempre mais e aprofundando a minha meditação. Fui convidando a minha família e amigos para conhecerem os monges e aprenderem a meditar e comecei a ajudar também como voluntário no projeto, o Middle-Way Meditation Institute (www.mmipeace.org). O MMI promove a Paz Mundial Através da Paz Interior ensinando meditação e o ensinamento budista universal através da Educação da Paz Interior. Também organizam eventos anuais a nível mundial para celebrar a Paz, juntando líderes de diferentes tradições espirituais e membros da sociedade civil. 

Era o final do Verão e logo recomeçaram as aulas, o meu 12° ano. Esta base de desenvolvimento pessoal é que me permitiu ter bons desempenho na escola e capacidade de ir mais além, continuando a aprender fora da escola. Estava mais concentrado nas aulas, com a memória mais apurada, geria melhor o meu tempo, e era mais eficiente no geral. Assim, não tinha de estudar tanto e podia dedicar-me também ao que verdadeiramente me entusiasma. 

Passou-se esse ano e acabei o secundário. Estava agora na altura de entrar na universidade, supostamente, mas eu escolhi outro caminho. Quis antes fazer um gap year (ano sabático) e viajar um pouco antes de seguir os estudos. 

Podes ler o artigo completo e gratuitamente no #1 da Revista Budismo, uma resposta ao sofrimento.