Discurso sobre a Bondade Amorosa – o Karaniya Metta Sutta

Enquanto o Buda estava hospedado em Savatthi, um grupo de monges, tendo recebido temas de meditação do mestre, prosseguiu para uma floresta para passar a estação das chuvas (vassana). As divindades das árvores que habitavam esta floresta estavam preocupadas com a sua chegada, pois tinham de descer das casas das árvores e habitar no chão. Esperavam, contudo, que os monges partissem em breve, mas ao descobrir que os monges ficariam o período vassana de três meses, assediaram-nos de diversas formas, durante a noite, com a intenção de os afugentar.

Vivendo sob tais condições, sendo impossível, os monges foram ter com o Mestre e informaram-no das suas dificuldades. Aí, Buda instruiu-os no sutta Metta e aconselhou o seu regresso equipado com este sutta para a sua protecção.

Os monges voltaram para a floresta, e praticando a instrução transmitida, permearam toda a atmosfera com os seus pensamentos radiantes de metta ou bondade amorosa. As divindades, tão afetadas por este poder do amor, doravante, permitiram-lhes meditar em paz.

O discurso divide-se em duas partes. A primeira detalhando o padrão de conduta moral exigido por quem deseja alcançar a Pureza e a Paz, e a segunda o método de prática da metta.

  1. Aquele que é hábil em (trabalhar o seu próprio) bem estar, e que deseja atingir esse estado de Calma (Nibbana) deve agir assim: deve ser destro, íntegro, excessivamente íntegro, obediente, gentil e humilde.
  2. Contente, fácil de suportar, com poucas responsabilidades, de simples subsistência, controlado nos sentidos, prudente, cortês, e não ganancioso depois de associação com famílias.
  3. Que ele não faça o menor mal pelo qual os sábios o possam censurar. (Deixa-o pensar:) ‘Que todos os seres sejam felizes e seguros. Que eles tenham mentes felizes’.

4.& 5. Quaisquer que sejam os seres vivos – fracos ou fortes (ou os que procuram e os que são alcançados), longos, robustos ou de tamanho médio, curtos, pequenos, grandes, os vistos ou os invisíveis, os que habitam longe ou perto, os que nasceram e os que ainda não nasceram – que todos os seres possam ter mentes felizes.

  1. Que ele não engane outro nem despreze ninguém em lado nenhum. Com raiva ou doença, não o deixe desejar outro doente.
  2. Assim como uma mãe protegeria o seu único filho com a sua vida, assim também se deixaria cultivar um amor sem limites para com todos os seres.
  3. Deixa-o irradiar um amor sem limites para todo o mundo – acima, abaixo e através – sem obstáculos, sem má vontade, sem inimizade.
  4. Em pé, a andar, sentado ou reclinado, enquanto ele estiver acordado, deixa-o desenvolver esta consciência. Isto, dizem eles, é um “Nobre Viver” aqui.
  5. Não cair em visões erradas – sendo virtuoso, dotado de discernimento, descartado de luxúria nos sentidos – na verdade, nunca mais voltará a conceber num útero.

Este Sutta é parte do “Livro da Proteção – Paritta”