Revistas

À procura de Buda

Todos os fenómenos surgem de causas – Esta é a verdade convencional. Eles são sem uma natureza intrínseca e sem a construção de pensamentos – Este é o domínio da verdade última.”

Candragarbha Perfeição da Sabedoria.

Quase a terminar 2023, um ano de procura, de vivência das voltas da Roda do Darma e que leva também à procura da semente para um novo ano, fruto do seu passado.

Uma proposta de publicação sobre Budismo remete-nos sempre à sua fonte, sem Buda não haveria Budismo e sem a sua vivência, não haveria a experiência que levou à manifestação das Quatro Nobres Verdades e do Nobre Caminho Óctuplo.

Assim, preparando 2024 e o Ano do Dragão Madeira, esta revista e a nossa publicação online manifesta-se como BUDA, em homenagem àquele que a todos nós ensinou e ensina.

Nesta edição, publicamos dois documentos significativos de 2023, o testamento do monge Honen, as suas orientações para a grande escolha Jodo Shu e a tradução de “Weel of Sharp Weapons”, A Roda das Armas Afiadas de Dharmarakshita, à qual devo a enorme gentileza e sentido de Darma por parte de Laura Cunningham da Wisdom Publishing e de Nicholas Ribush da Lama Yeshe.

Nada existe por si, tudo é interdependente. Que estes dias te possam encontrar bem, que esta época te traga a maior das harmonias e consciência.

“Em suma, uma vez que transcende um sinal, a existência e a natureza, é a perfeição da sabedoria. Por isso, existe o mantra da perfeição da sabedoria:”

tadyathā | om prajñe prajñe mahāprajñe candraprajñe sarvaśāsakari svāhā

Continuar o dharma

Melhor do que mil palavras inúteis é uma palavra útil, ouvir a qual se alcança a paz..

Buda, Dhammapada

Em janeiro de 2022 perdemos o Grande Thai e em fevereiro de 2023 o Venerável Mestre Hsing Yun. Como é a vida de tantos praticantes sem os seus pais espirituais, sem os seus guias, ou líderes.

Em outubro de 2023 estive no 2023 BLIA World Headquarters General Conference, em Kaohsiung, em Taiwan, onde pude observar a comoção não só de leigos, mas também de monásticos pela perda do Venerável Mestre Hsing Yun. Apesar do seu corpo de Dharma estar sempre presente, falta-nos sempre a presença física.

É um grande desafio para todos nós lidar com a perda, o que nos faz tantas vezes também ficar perdidos. Foi assim que me senti ao longo de meses, também permitindo-me encontrar espaço e tempo para sentir. Creio que agora, tudo está já um pouco mais sólido e há que continuar o dharma.

O Venerável Mestre Hsing Yun dizia algo de muito importante, que faz tanto sentido para este tempo em que vivemos mais e mais conflitos externos e internos:

“A felicidade e a paz são o que todos procuram e a visão que toda a humanidade se esforça por alcançar. Uma perspetiva de vida feliz traz paz à vida.

Não há inimigos aos olhos da compaixão. A compaixão traz boas afinidades. A compaixão harmoniza o eu e os outros, e é una com o universo. Como diz o ditado, a tolerância promove a grandeza; com compaixão e tolerância, podemos naturalmente unir as pessoas e criar muitas condições de apoio. 

No entanto, a compaixão e a tolerância por si só não são suficientes. Precisam de ser complementadas com sabedoria. Neste mundo, o significado de compaixão é frequentemente distorcido, levando a uma indulgência excessiva e a fechar os olhos ao que está errado. Por isso, a verdadeira compaixão e tolerância devem ser complementadas pela sabedoria prajna para evitar que se enverede pelo caminho errado, tornando inúteis as intenções iniciais.”

Que as grandes palavras de todos os Mestres e de todos os Budas em todos os tempos, nos possam guiar para um caminho de paz interior e exterior.

Desejo que este número te encontre bem, e que os méritos deste trabalho vão ao encontro de todos os que escreveram e colaboraram com ensinamentos e traduções. Um especial obrigado ao Mestre Manuel Toei Simões e à Susana Antunes.

“O ouro não nasce porque é fundido, mas a sua forma de ouro é aperfeiçoada pela fundição. Depois de refinada, nunca voltará a ser minério.”

Sutra da Iluminação Perfeita

Mudar é preciso, com amor

“Compreensão é a natureza do amor. Entender o sofrimento do outro é o melhor presente que podemos oferecer ao nosso semelhante. A compreensão é o outro nome para amar.
Quem não compreende, não ama.” – Thich Nhat Hanh

O Grande thai faleceu, o mundo depara-se com guerra, ainda vivemos em pandemia.

O que há a mudar?

No Sutra do Ensinamento Legado é dito: “Aqueles que se afligem com demasiados desejos pensam apenas em si próprios e, portanto, têm muitos problemas e preocupações (…). Mesmo que ricas, as pessoas que têm muitos desejos são pobres de espírito. Mesmo que pobres, as pessoas com poucos desejos são ricas de espírito”.

É o desejo que nos traz inquietude e daí, como Buda dizia, surge o sofrimento. Com tantas condições instáveis na nossa vida exterior, mais ainda é necessário um trabalho voltado ao interior e ao “verdadeiramente ser”.

Ser não apenas para mim, mas também para os outros, reconhecendo a importância de “inter-ser”.

Este sexto número de “Budismo, uma resposta ao sofrimento”, chega com algum atraso, exatamente pelas condições necessárias não terem sido possíveis, no entanto, como sempre na vida, tudo muda, apenas temos que ter a sabedoria de aguardar. É por isso que agora posso agradecer à enorme colaboração da Susana Antunes e da Sónia Martins, que apoiam na parte editorial e na publicação das redes sociais. O meu agradecimento também à Nádia Maciel a a Carlos Diez, que fez a ponte e traduziu do espanhol a entrevista ao professor Fernando Bornaetxea.

Neste número fica uma homenagem ao Mestre Thich Nhat Hanh com vários ensinamentos seus, que é enriquecida por mais artigos do Mestre Manuel Toei Simões, sempre atento, sempre presente.

Partilhamos também ensinamentos do Dalai Lama, do Venerável Mestre Hsing Yun e ainda uma secção mais alargada de literatura.

Um Mestre transitou, faz parte da condição vida humana, mas as suas sementes ficaram, crescerão na mente/coração dedicada de cada um, assim como cada um de nós um dia também partirá para a outra margem e deixará as suas sementes.

Que desejos ainda ocupam as nossas mentes?

“Nós temos mais possibilidades em cada momento, do que pensamos.”

Thich Nhat Hanh

Cada número desta revista é um desafio e, como tal, um reconhecimento de profunda gratidão.

Em Setembro de 2020 lançamos o primeiro número e, após um ano, continua este caminho simples de partilha de Dharma, tentanto abranger todos, escutar, dialogar e, principalmente, fazer um caminho para despertar através da partilha.

A minha gratidão é enorme pela bondade com que acolhem os meus pedidos. Novamente Paulo Borges, a quem quero homenagear pelo seu longo percurso para Buda e nesta data comemorativa do seu aniversário, não poderia deixar de pedir a Mingyur Rinpoche uns votos de parabéns, que tão rápida e compassivamente respondeu.

Yan Ting Yue, realizadora do fabuloso documentário “O senhor Hu e o Templo”, acedeu também a uma entrevista e assim podemos divulgar uma perspetiva pessoal do seu trabalho.

Não me posso esquecer de Manuel Toei Simões, sempre presente, sempre amigo e prestável a quem entrego um profundo obrigado.

Neste número posso também contar com a Joana Freitas, que redigiu o artigo “Promover a Consciência de uma Responsabilidade Universal”, de SS o Dalai Lama. E ainda a partilha generosa da “Tibetan Nuns Project”, que confiou na tradução para português de uma notícia tão aguardada no nosso universo budista – um lugar de igualdade para mulheres – O grau de Geshema.

Ainda o meu muito obrigado a Cenira Bini Eto, mais uma ponte para o outro lado do oceano, no nosso país irmão, o Brasil, que nos traz a bela e genuína reflexão “Devemos florescer aonde o Universo nos colocou”, cujo texto é mantido na língua materna.

O meu agradecimento a Rulu, por autorizar a traduçõe de várias preces e ao percurso fiz para chegar ao Samadhiraja Sutra, que traz pérolas de sabedoria e reflexão neste número.

Tantos auxiliam a que esta revista seja realizada – os que lêem, os que contribuem com a escrita, os que traduzem e interpretam, assim, fica a dedicação de méritos para todos, assim como para aqueles que neste momento estejam a atravessar uma fase difícil na sua vida.

“Que a generosidade, a compaixão, 

a alegria e a equanimidade permeiem 

todo o Universo;

Que valorizem as bênçãos, criem
vínculos, beneficiem o Céu e a Terra.

Pratiquemos o Chan com pureza, 

sigamos os preceitos, 

aceitemos tudo com serenidade;

Façamos os Grandes Votos 

com humildade e gratidão.”

Neste número de 9 de Agosto fazemos uma viagem pelos ensinamentos do Avatamsaka Sutra, geralmente conhecido como o Sutra da Guirlanda de Flores e ainda uma excelente introdução ao Budismo Coreano, o Seon, por Manuel Toei Simões e Samu Sunim.

Sua Santidade o Dalai Lama está presente com o tema A Compaixão nos Cuidados de Saúde e o 17º Karmapa apresenta os Oito Ensinamentos para o Treino da Mente. Ficamos ainda a conhecer o Dojo Bashô-An, pela reportagem da jornalista Ana Martins Ventura e fotografias de Alex Gaspar.

Este mês ainda recomendamos dois livros extraordinários, O Coração da Vida, de Paulo Borges e ainda O Cérebro de Buda do Dr. Rick Hanson e Dr. Richards Mendius.

Fica ainda a extraordinária história de O Budismo e a Cerimónia do Chá, pelo Ven. Mestre Hsing Yun.

Este número, em especial, deve uma profunda gratidão a Manuel Toei Simões, do Dojo Bashô-An, em Setúbal, que sempre deu um enorme apoio e esforço. Assim como a gratidão a Joan Halifax e a Tashi Paljor pela confiança. E ainda a Fina Iñiguez que fez uma ponte diligente e maravilhosa com Daniel Millet Gil, da “Buddistdoor en Español”. 

Um muito obrigado também ao Vasco Patrício pela tradução de “O Budismo e a cerimónia do Chá”, assim como a Helena Mineiro (Editora Mahatma) e Neuza Luz (Editora Nascente), pela colaboração da divulgação dos livros deste número. 

A nossa próxima revista sairá a dia 5 de Outubro… um dia especial que nos devemos recordar em gratidão pelo Budismo em Portugal. Fica a surpresa, desejando a todos serenidade, entendimento do sofrimento, força e clareza para a sua resolução. 

#3 – Budismo, uma resposta ao sofrimento

A 29 de Março de 2021 lançamos mais um número da revista Budismo, uma resposta ao sofrimento, cujo tema central é a Compaixão.

Será a compaixão uma moda?

Talvez sim, ou talvez haja realmente uma atenção muito especial ao desejo pelo alívio do sofrimento. Neste número aproximamo-nos do tema da compaixão pela perspetiva de várias pessoas budistas e não budistas. Não só pela ideia que têm, mas também pela ação que praticam.

Vamos conhecer um pouco melhor o projeto das Cidades Compassivas, desejando criar sementes para que mais surjam e criem uma rede de compaixão e cuidado em todo o país, assim como incentivar o apoio à CASA e aos sem-abrigo, numa entrevista a Soraia Tender.

Ainda no tema da compaixão, Frank Arjava Petter, André A. Pais e Michele Scheidt partilham perspetivas sentidas sobre o nosso tema central deste trimestre.

Tenho ainda o imenso gosto de partilhar a entrevista a Pamela Ayo Yetunde que tão prontamente e em cima de lançar o Black & Buddhist Summit, nos mostra o trabalho, opiniões e vivências de budistas Afroamericanos. Passando mais a oriente, um artigo do prof. Gary Daubney sobre os 10 deveres de um rei. Continuando na tradição Theravada, Alexandre Seguro fala sobre “A Mentoria para a paz”, deixando ainda alguns testemunhos de participantes do MMI. Finalmente, voltamos ao Japão para mais um artigo da jovem youtuber Ryo, com mais uma perspetiva cultural sobre os jovens e o Budismo.

Regressando a Portugal, temos a poesia inspiradora de Manuel Toei Simões, com a subtileza profunda do (Za)Zen, a quem só posso agradecer colocando as mãos em Gassho.

Contamos também com os livros Não é para a felicidade, de Dzongsar Jamyang Khyentse pela Editora Padmakara e A alegria de viver de Yongey Mingyur Rinpoche pela Editora Temas & Debates.

Mais uma vez, um muito obrigado à Rafaela Brito, pelo excelente artigo sobre o Dalai Lama, assim como a todos aqueles que contribuíram para a realização desta revista.

No budismo aprendemos que nada surge por si… esta revista é a prova dessa realidade. Um muito obrigado e que os méritos preencham a vossa vida de saúde, equanimidade e compaixão.

Nota editorial: Os artigos são da responsabilidade dos seus autores que se autopropõem ou são convidados a escrever para a revista. Não divulgamos a lista de autores antes da edição ser publicada, mantendo assim independência e perspetivas abertas. Os livros são escolha nossa, não recebemos livros ou pedimos que enviem, as editoras são contactadas com o pedido de permissão de divulgação e referências que possam ser publicadas.

Desejamos-te boas leituras e serenidade em tempos tão exigentes.

#2 – Budismo, uma resposta ao sofrimento

A 19 de Dezembro de 2020 lançamos este segundo número da revista Budismo, uma resposta ao sofrimento.

Sem dúvida que este ano trouxe-nos grande exigência. Aprender a parar, aprender a recomeçar. São as lições da impermanência que nos ajudam a despertar e a compreender como podemos ultrapassar a inquietude que tantas vezes temos.

Este número fez-me também refletir como é possível trabalhar em harmonia, num espírito voluntário, sem exigências, sem cobranças, mas fazendo pelo melhor e pelo que é possível. Implicou muito esforço ao longo do período de Setembro a Dezembro, mas também surgiram voluntários que apoiam o esforço, como o Eduardo Patriarca e o Rogério Macedo, também iremos contar com o incrível apoio da Rafaela Brito que acompanhará o trabalho editorial que é também a sua área, sem falar no imprescindível apoio da Ana Valentim, com o Design.

Mas o que seria uma revista sem os seus contribuidores?  O dharma leva-nos ao coração de cada um e também àquilo é possível para esta causa. Sem dúvida que ficamos enriquecidos com a participação de Ajahn Dhammiko, do templo Sumedharama, o ensinamento de Bhante Mahinda, Margarida Cardoso e Roshi Amy Hollowel que surge através de uma extraordinária colaboração de João Pedro Tapada. Temos ainda os testemunhos de dharma de Ana Furtado, Elisa Chuang, Joana Costa que inclui Vipassana no design de permacultura, Pedro Furtado, assim como Verónica Policarpo que nos trazem a sua vivência no templo Sumedharama. E o Dharma leva-nos também além da distância entre continentes, onde Ryo, uma redatora e vloger, partilha connosco a cultura japonesa imiscuída com o budismo. Sobre Ryo foi muito curioso o meu pedido para o seu artigo, porque na altura não sabia que já tinha visitado Portugal e que é um dos seus locais favoritos. É incrível deixarmos as coisas acontecer, sem forçar.

Não posso deixar de agradecer ainda o apoio de João Tibério da Editora Farol, com a apresentação do livro de Paulo Borges, o Sorriso de Buda, assim como de Inês Mourão da Editora Presença pelo livro A Arte da Meditação, de Matthieu Riccard.

Desejamos-te boas leituras, um tempo de serenidade e reconstrução…

#1 – Budismo, uma resposta ao sofrimento

Dia 29 de Setembro de 2020 é o Dia Mundial do Coração e este foi o dia que escolhemos para lançar a revista do projeto Budismo, uma resposta ao sofrimento.

Este número conta com a contribuição de Paulo Borges, Alexandre Seguro, Ven. Mestre Chueh Yann, Joan Halifax, Jorge Silva, José Prata, Tuck Wai Chan, Elsa Mourão, Sónia Gomes, Elisa Chuang, Luis Jordão e Helena Batista.

A revista é gratuita, apenas de distribuição online e pretende manter uma escolha editorial aberta, transparente e disponível para todas as escolas, praticantes de budismo e pessoas interessadas no tema.

Convidamos-te a ler este #1 e que possas encontrar inspiração e dicas para a prática no alívio do sofrimento.